Conversa
ao pé do fogo.
Revivendo
o início do Escotismo.
Em Janeiro de 1908,
Baden-Powell lançou nas bancas inglesas seis fascículos quinzenais intitulados
“Scouting for Boys”, num total de quase 400 páginas, com o subtítulo de “Manual
de instrução de boa cidadania”. Em poucas semanas, estes fascículos
entusiasmaram centenas de milhares de jovens ingleses, que se organizaram em
Patrulhas e puseram em prática as sugestões de B-P. Aqueles
seis fascículos eram, nos seus conteúdos, um pouco diferentes da versão que
conhecemos e lemos do “Escotismo para Rapazes”. No entanto, foram
suficientemente atrativos para lançar, num ritmo de crescimento impressionante,
este Movimento do qual fazemos parte. Como já passamos do Centenário do Escotismo,
deixamos a sugestão de te colocares no papel dos jovens ingleses que, em 1908,
leram pela primeira vez o “Escotismo para Rapazes” e saíram pelas ruas e
florestas para viverem o ideal do “Boy Scout”. Fica aqui uma seleção de
propostas, para começares a reviver o lançamento do Escotismo!
Jogo do Kim
Bem conhecido de todos. Quando foi a última vez que
jogaste? Durante um minuto, cada escoteiro tenta memorizar entre vinte e trinta
objetos diferentes, alguns destes variando apenas na cor, à semelhança do
treino que Lurgan proporcionou ao Kim, na Índia. Findo o minuto, cada escoteiro
é chamado à parte, para enumerar todos os objetos. Mais do que um jogo, este é
um treino de memória e observação que todos os escoteiros deveriam
praticar.
Rebocar uma pessoa inconsciente
Na edição de 1908, B-P sugeria, para se rebocar uma
pessoa inconsciente no caso de um incêndio, onde há muito fumo, que se fizesse
sugeria um Lais de Guia em torno do peito, outro em torno dos tornozelos e
outro em torno do pescoço de quem fosse rebocar, o qual caminharia em cima dos
quatro membros, mantendo a cabeça baixa, arrastando a pessoa inconsciente. A
pessoa seria arrastada com os pés no sentido do deslocamento. Pratica esta
operação, por exemplo, sob a forma de uma competição entre pares de elementos
da mesma Patrulha ou entre Patrulhas.
O assobio do Escoteiro (vide na foto anexo)
Para além do Inegoniama, a canção guerreira Zulu, e
do grito de animação “Zinga zing! Bom! Bom!”, B-P sugeria um chamamento feito
por assobio, para um escuteiro chamar a atenção de outro escuteiro, que também
podia ser usado para o chefe chamar a reunir o seu grupo com um cornetim. Se
não souberes ler uma pauta, pede a alguém que te ajude e experimenta ensinar
este assobio lá no agrupamento.
Jogos de observação
B-P insistia muito na importância da capacidade de
observação que o escoteiro devia possuir, sugerindo alguns jogos para treinar
essa mesma capacidade. Num deles, “Procurando o dedal” a Patrulha entrava numa
sala onde estava um dedal ou outro objeto pequeno, visível, mas que não dava
nas vistas, tentando descobri-lo. Noutro jogo, um escoteiro, à vez, entrava
numa sala durante meio minuto e, depois de sair, procurava enumerar todas as
peças de mobiliário e objetos de que se recordasse, ganhando o que apresentasse
uma lista maior. Bastante conhecido, embora infelizmente não muito usado, é o
“Enfarruscado”, em que os escoteiros procuram identificar, ao longe, os pontos
de uma grelha, ganhando o que o fizer corretamente a maior distância.
Identificar pegadas
A capacidade de identificar e seguir rastos está
associada à arte de dos exploradores e batedores, pelo que B-P dava bastante
importância a este treino, nos escoteiros. Num dos jogos que propunha, os
elementos de uma Patrulha sentavam-se com os pés no ar, para que os elementos
de outra Patrulha pudessem observar durante três minutos; depois, sem a outra
Patrulha ver, um dos elementos da primeira Patrulha saía para uma zona de terra
e deixava várias pegadas; a segunda Patrulha iria observar o terreno e tentar
descobrir de quem eram as pegadas. Noutro jogo, uma pessoa iria fazer pegadas
num terreno; depois, juntamente com outras pessoas, fariam mais pegadas em
frente de uma Patrulha, que tentaria adivinhar a qual das pessoas pertenciam às
pegadas que tinham observado inicialmente.
Jogos de aproximação
Aproximar-se de alguém sem ser visto era uma
capacidade muito treinada pelos primeiros escoteiros. O jogo “Aproximação ao alce”
ajuda a este treino e é bastante divertido. O Alce é representado por um dos
escoteiros, que pode ficar quieto ou movimentar-se um pouco. Os outros, os
caçadores, tentam aproximar-se sem serem vistos. Se o alce vir um dos
caçadores, aponta-o e este tem de se levantar e sair do jogo. Ao fim de algum
tempo (estabelecido), termina o jogo e ganha o escoteiro que estiver mais próximo
do alce.
Jogo da Caça ao Leão
O leão é representado por um dos escoteiros, que
parte para o mato com seis bolas de ténis, um saco de milho e calçado com solas
que deixem marcas profundas na terra. Tem meia hora de avanço sobre o resto da
Patrulha, que partirá no seu encalço, seguindo-lhe o rastro. Cada elemento
“armado” com apenas uma bola de ténis, para disparar contra o leão, quando o
encontrarem. O leão pode esconder-se, ou correr, conforme lhe apeteça, mas,
quando o terreno for duro e as botas não deixarem marcas, deverá deixar um rastro
com o milho. Se os caçadores não lhe conseguirem descobrir o rastro, ninguém
ganha. Mas, quando conseguirem aproximar-se do leão, podem tentar matá-lo com
as bolas. Um caçador que seja atingido por uma bola do leão, é imediatamente
morto. O leão atingido por uma ou duas bolas fica apenas ferido, precisando de
três “tiros” para morrer. Cada bola de ténis pode ser usada uma única vez
durante o jogo.
Peças de
Teatro.
Embora o Escotismo envolvesse ação e jogos, B-P
considerava bastante importante a representação teatral, ou não fosse o teatro
também palco de muita ação. Ao longo dos fascículos, eram dadas sugestões para
peças de teatro para as Patrulhas representarem, algumas delas baseadas em
histórias conhecidas, tais como a de Pocahontas, as aventuras de Sherlock
Holmes ou o Rei Artur e a Távola Redonda. B-P dava, também, muita importância
aos adereços a usar pelos atores, chegando a descrever em pormenor as
vestimentas de alguns personagens. Quando foi a última vez que participaste
numa representação teatral com a tua Patrulha?
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