Conversa ao pé do fogo.
Programas de reuniões de Tropa.
Você gostaria que eu fizesse cem programas de reuniões de tropa para você?
Será isto mesmo correto? Bem amanhã é sábado e quem sabe sua tropa espera um
estupendo programa do seu Chefe. Lembro que em muitos cursos quando os alunos
chefes discutiam em bases sobre tais assuntos, eram tantas ideias que ao
debater em plenário ficávamos abismados com tantas ideias. Daria para escrever
um livro de duzentas ou trezentas folhas. Mas se quer mesmo saber este não é o
caminho. Afinal se todos receberem de mão beijada hoje o programa pode ser ótimo,
mas com o tempo não chegaremos a lugar algum com o que pretendemos na formação
dos nossos jovens Escoteiros.
Não gosto muito de dar muitos
pitacos em programas de reuniões de tropa. Bem eu sei que fiz várias centenas
deles e participei como jovem em outros tantos. Não dou porque sempre confiei
nos monitores e deixava tudo nas mãos das patrulhas. Se eu não gostava não
importava não era importante. Eles é que sabiam o melhor e se isto acontecia então
eu sabia que estava no caminho certo. Não foi assim que BP criou o método
escoteiro? Eu não se como são preparados os chefes nas UD (unidades Didáticas) de
hoje de cursos de formação que se referem ao tema – Programando o Programa. Pode
ser que diferem muito do que eu acredito como devia ser. Como sei que tem
muitos chefes que estão acertando não posso dizer para mudar. Vejamos o que a maioria dos escotistas da
tropa hoje em dia estão fazendo para montar seus programas:
- Na semana ou no mês, com auxilio de assistentes
(ou mesmo só) em casa de um deles, prepararam o programa, um ou vários,
determinando as funções de cada um, horários e adestramento progressivo; Tem
aqueles que resolvem sozinhos o quer fazer e mandam via e-mail aos seus
assistentes o programa sem dizer qual seria a responsabilidade deles. – Tem aqueles
que em um sábado, quase na hora de ir para o Grupo, o chefe corre para rabiscar
um programa, meio sem eira nem beira, somente para ter em mãos e não esquecer o
desenrolar da reunião, pois o contrário ele iria se perder e não seria nada bom.
Muitas vezes são estes que chegam atrasado e alguns ainda vão vestir seu
uniforme na sede;
- Tem aqueles que jactam-se de ter tudo na memória.
Claro ele sem tempo acredita que é um bom Escotista e não precisa de programa. E
a improvisação faz parte do dia. A garotada se diverte com um “racha” de bola,
ou jogos já batidos, mas que fazem sucesso sempre que colocados em ação. No sábado seguinte ele verifica que
alguns não vieram e sempre mandam um aviso ameaçando os faltosos disto e
daquilo. A grande maioria dos chefes realizam bons programas dentro do que foi
proposto no sistema de patrulhas. Sei que eles sabem que na tropa são
coadjuvantes. Se a tropa aplica o sistema de patrulha não tem erro. Sei que
hoje em dia em qualquer reunião de tropa é dado tempo para que as patrulhas se
reúnam entre elas e os monitores lideram como deveriam liderar. É nesta hora
que surge boas ideias e se dá liberdade aos patrulheiros de opinar e divergir.
Quem sabe a tropa ainda funciona no verdadeiro sistema de Patrulhas? Vejamos
como penso que deveria ser:
- Conselho de
Patrulha - Reunião programada pelo monitor, semanalmente, antes ou depois da
reunião, onde se discutirá além de outros assuntos, as sugestões de programas
para a chefia, visando o adestramento progressivo, e sugerindo outras
atividades extra sede que porventura podem dar mais conhecimentos a patrulha.
Muitas patrulhas bem formadas costumam fazer suas atividades ao ar livre sem a
presença dos chefes. Aonde eles irão sem supervisão da chefia o local deve
oferece condições para isto.
- Conselho de Monitores – Ideal para montar
programas de reunião, com sugestões da patrulha. Nada há ver com a Corte de
Honra. Pode ser realizada uma vez por mês na sede, na casa de um Monitor ou na
casa do Chefe. Sempre haverá a presença do Chefe e seus assistentes. Ali de
posse das sugestões dos monitores o Chefe e Assistentes terão condições de
montar programas a curto, médio e longo prazo. Poderão também colocar programas
surpresa ou jogos ainda não testados. Já vi tropas usando este método e com
bons resultados. Os jovens quando participam dão mais valor. A Corte de Honra
poderá analisar melhor o que está e o que não está dando certo.
Aprender a fazer fazendo, faz parte do programa
escoteiro e talvez um dos principais. Se a patrulha não tem esta liberdade ela
não cria, não cresce individualmente e muitos jovens se sentem alijados. Motivo
pela qual muitas vezes não participam das reuniões e preferem deixar o
escotismo. Isto é importante, pois a experiência sempre mostrou que as tropas
que fazem seu próprio programa e em alguns casos atividades ao ar livre sem a
supervisão de adultos, mantém em suas fileiras por mais tempo seus membros e
isto diminui a evasão e ajuda em muito no futuro. Conheço Grupos Escoteiros que
além da ajuda dos pais sempre tem dois ou três chefes oriundos do próprio
Grupo.
O Sistema de Patrulhas e o método deixado por BP é
enfático em dizer que o escotismo é para os jovens. Os adultos são meros
colaboradores e responsáveis pelo desenvolvimento sadio da tropa. Não cabe a
eles fazer e nem tomarem a frente de tudo. Conheço tropas que em muitos casos
os monitores são partes importantes nos programas e em todas as atividades da
tropa. Eles valorizam muito quando tem sua própria patrulha de monitores e
acampam com seus chefes aprendendo e trocando ideias. Um bom Chefe lidera como
irmão mais velho sua tropa e está de mãos dadas com a Patrulha de Monitores.
Acampamentos, atividades e passeios com os monitores e subs fazem do chefe um
líder amigo cujos benefícios serão conhecidos em pouco tempo.
Lembro que muitos escotistas procedem de outra
forma. Não sou contra. Baden-Powell sempre disse que o importante é o
resultado. Se ele é o esperado então deve continuar com faz hoje. A melhor
maneira de analisar é ver se a evasão é pequena. Ela sim diz se o caminho
percorrido foi válido. Aqueles que têm boas patrulhas, bons monitores,
patrulheiros/patrulheiras motivados e com mais de um ano de atividade eles sim
estão caminhando para o sucesso esperado. A melhor tropa é aquela que está
sempre se motivando, procurando fazer o que gostam se sentindo parte do todo e dificilmente
deixando as fileiras escoteiras.
Nota - Quando me refiro aqui aos meninos, é claro
que também se aplica e muito bem as meninas, que por sua natureza são mais
conservadoras, interessadas e sabem organizar o que querem de uma maneira
prática e objetiva. Ainda gosto muito de ver tropas separadas e sempre fazendo
atividades conjuntas em um programa próprio para ambos os sexos.
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