Conversa ao
pé do fogo.
De novo? Putz
grila. Chefe; Pare, por favor!
Risos e muitos risos. Não dá. Sou
insistente, teimoso e perseverante. Sei que me chamam de Velho senil, ancião
que faz horas extras na terra, chato de galocha e outros bichos. E daí? Não
dizem que os velhos podem tudo? E então não posso dizer o que penso? Sei que é
malhar em ferro frio, mas está apresentação da vestimenta está mais prá lá do
que prá cá. Não dá para vestir esta tal vestimenta corretamente? Que figura é
essa de camisa para fora, de meinhas brancas, e de inventar chapéus que não
existem? Pense comigo – O que vai pensar uma autoridade que vai recebê-lo a seu
pedido para falar de escotismo? Ou que você vai fazer uma palestra ou então
fazer um pedido qualquer? A nossa mãe UEB que agora se diz ser a EB (?) criou
estas séries de escolhas só para você. Não para mim. Nem morto! Tudo bem você escolheu,
mas e a sua sessão? Eles também vestem o que querem e como querem? Você veste
igual aos seus jovens e suas jovens? E vem me dizer que a apresentação faz
parte de uma organização? Eu tento faço esforço, engulo em seco para aceitar
está imposição uebeana. Como dizia Odorico Paraguaçu no Bem Amado: "Vamos dar uma
salva de palmas a esta figura trepidante e dinamitosa vestimenta. Esta obra
entrará para os anais e menstruais de Sucupira e do país”.
Ontem, uma neblina tomou
conta da minha rua à tardinha. Uns pingos aqui outros ali e me lembrei da
canção do Alvarenga & Ranchinho, Êh São Paulo. Dizia ¶ ~Eh, êh, êh São
Paulo, Êh São Paulo, São Paulo da garoa São Paulo terra boa! Gosto de reviver a
São Paulo do Passado. Corri para minha varanda e me estiquei na minha cadeira
olhando a rua molhada os pingos caindo e fiquei pensando. Logo adormeci. Sonhei
um lindo sonho. Eu e meus amigos da patrulha entrando em uma floresta linda,
escura, facão e machadinha a mão para abrir a trilha. Uma neblina uma chuvinha
fria não nos impediu de alcançarmos nosso destino. Molhados cantávamos baixinho
uma canção. Um pé de jaca! Jacas enormes, dois subiram na árvore. Uniforme “marrento”
o caqui. Molhou, pois faz parte da rotina dos caqueanos. Comemos de bedel. De
novo em frente, espinhos, mata cerrada facões subindo e descendo no ar.
Chegamos, uma clareira foi aberta.
Barracas duas lonas foram
montadas. Um campo de patrulha logo tomou forma. O uniforme? Firme em nossos
corpos juvenis. Três dias e o retorno. Uma lavada e lá estava ele novinho em
folha guardado no guarda roupa. Meu primeiro eu o usei até o quatorze anos e meio.
Foram mais de três anos quase quatro. Não dava mais para usar porque cresci os
ossos a mostra, de menino a sênior um pulo. Fiz outro. Este durou mais. Dez
anos. O terceiro fiz de tergal. Vi um Chefe com ele e gostei. Durou trinta e
cinco anos. O último fiz a menos de dez anos atrás. Quase sessenta e sete anos
de escotismo e só cinco uniformes cor caqui. Voltemos ao passado na floresta
negra. Uma onça cinzenta, não tão grande a nos olhar atrás de um pé de
Jequitibá-rosa. Não teve jeito. Eclipsamos os seis para cima de outra árvore.
Subir e descer e a chuva miudinha caindo. A onça foi embora e nós também. Minha
madorna foi desfeita pela Célia. Hora de Jantar. Uma sopa de Mandioca no ponto.
Jantei desbragadamente pensando:
- Será que a vestimenta aguenta tudo isto? Quanto tempo para trocar novamente
por uma nova? Quando fizeram alardearam que o tecido era especial. Durabilidade
mais que as pilhas Duracell e a prova de tudo. Mas eu como bom mineiro tenho cá
minhas dúvidas. Já ouvi alguém dizer que duas lavadas e pronto ela começa a
branquear. Uma Escoteira disse que pega fogo com facilidade. Engraçado que um
dos “çabios” da UEB ensinaram a ela como cozinhar e evitar chegar à vestimenta próximo
ao fogo. E durma-se com um barulho deste. Outro que rasgou em vários lugares e
olhe me disse – Era novinho em folha! Bem não sei se é verdade ou não. Nem sei
se fizeram tantos estilos pára faturar. Um chefão um dia gritou comigo: Chefe, você
tem que ver que o Brasil é imenso! Tem o frio no Sul e o calor no norte! As
peculiaridades foram feitas para isto. – Não disse nada, queria que ele com sua
peculiaridade me acompanhasse em uma atividade em uma floresta por dez dias! Eu
com meu caqui e ele com a vestimenta. Aí sim, iriamos tirar a limpo sua
braveza.
Enfim, pelo sim e pelo não,
não vou brigar com ninguém. Sou um Escoteiro de paz. Já dei uns bufetes no
passado, mas hoje se alguém encostar em mim caio no chão como uma abobora e me
arrebento todo! Risos. Tudo bem que eles escolheram sem consulta, sem
transparência e impuseram a família Escoteira brasileira. Tudo bem que esta família
é ordeira e disciplinada. Tudo bem que só uma fábrica até hoje tem os direitos
de confecção, tudo bem que a UEB aumentou seu caixa. Tudo bem. Mas se esta
vestimenta não tiver a durabilidade do caqui então estão enganando a muitos mil
que compraram a vestimenta. Isto para mim não é próprio de dirigentes que são
amigos de todos e irmãos dos demais Escoteiros.
Minha janta ontem foi
supimpa. Adoro uma sopa. Não importa qual. De macarrão, de batata, de inhame,
de mingau de couve, de feijão ou cebola. É sopa? Estou dando e tomando sopa! Risos.
E a vestimenta? Chega por hoje. Mas vistam-na com orgulho, por favor. Seria bom
se pelo menos os donos do poder que decidem sozinhos colocassem lá um item
dizendo para usar o meião. Ficaria bem mais apresentável escoteiramente. Mas
não comparem os dois. O caqui dá de dez a zero em durabilidade na vestimenta.
Duvida? Vamos então acampar e vou mostrar para você! Acampar? Só em sonhos meu
amigo, o Velho Escoteiro já deu o que tinha de dar. Kkkkkkkk.
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