Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ser um Velho Escoteiro é uma arte.


Os ponteiros estão se aproximam das doze badaladas da meia noite! Hora de dormir.
Ser um Velho Escoteiro é uma arte.

                 Fazia anos, muitos... Sempre a olhar no horizonte sem coragem de pisar nas estrelas e partir. Partir para onde? Para onde suas asas de cera o levassem. Ele tinha medo do sol que poderiam derretê-las e cair em um buraco negro sem volta. Mas a vontade foi tanta que aprendeu a desviar e foi a lugares que o fizeram lembrar como é bom ver um sorriso, sentir um aperto de mão sem contar uma história e depois voltar. Ele era um Velho Escoteiro feliz. Gostava de lembrar-se do seu passado. Ele agora se perguntava - Será que ele tem algum? Quando ele chegava lá aonde ia, alguém amistosamente e carinhosamente o apresenta assim: – Olá turma este é o Osvaldo, um Escoteiro. – Do Facebook minha gente! Ele escreve histórias! Tem muitos blogs de escotismo. Vocês já o viram lá? Ele olhava a todos sorrindo e sabia que alguns já o viram e outros não. E lá está o Velho Escoteiro na frente de tantos e que parece nunca ter sido. Ele agora só é conhecido nas redes sociais. Quem dera que pudesse contar, dizer quem era, mas a voz sempre embargada e febril não deixava. Melhor assim, ele agora só conta histórias, está lá no Facebook, no Orkut e já não faz mais o escotismo que ele sempre amou. Alguns o chamam de blogueiro de contador de sonhos, de lendas e histórias. 

             Seria difícil pensar que ele ficou muitos anos como lobo, como Escoteiro, como sênior e pioneiro. Seria difícil dizer que no seu caderno de campo tem quase um milhar de noites de acampamento centenas de Fogo de Conselho, que viajou a pé, no seu cavalo de aço por rincões deste grande Brasil e fora dele. Que ele fazia um escotismo alegre e solto, que atravessou dezenas de florestas, descobriu lindas cascatas, cachoeiras enormes, acampou em lugares difíceis de imaginar. E quantas estrelas ele contou no céu? Contar para que? Alguém gostaria de saber? Saber que esteve em montanhas e picos, em vales sem fim. Alguém vai acreditar que ele dormiu em jangadas em rios caudalosos? Que dormiu sob as estrelas deitado na relva, nas pedras nas alturas, arvorou bandeiras em lugares impossíveis, andou em trilhas que não foram feitas, que atravessou com sua patrulha locais inóspito, gargantas profundas? Que ele também se emociona quando sente amor e fraternidade por parte dos seus irmãos de sangue? Não, é melhor ficar calado. Hoje ele é somente o Osvaldo um Escoteiro do Facebook e do Orkut e um pouco do Google nos seus blogs e afins. Lá ele habita lá ele vive e lá ele conta lendas, conta histórias escreve o que pensa sem receio de que não possa ser entendido. Histórias... Se ele sabe tudo sobre o escotismo não interessa. Cada uma em seu lugar, no passado no presente e lá está ele pensando que pelo menos assim pode ser útil.

               Ele pensa que poderia ajudar, afinal são mais de 66 anos Escoteiro, mas isto a quem interessa? Ninguém quer ouvir velhos Escoteiros, aqueles que pensam saber tudo, mas o mundo agora é outro. Ninguém quer ouvi-los. Ele sente falta, quer sair mais, colocar suas asas de cera e ir a lugares nunca dantes imaginados. Sentir o calor de um aperto de mão verdadeiro, sentir o sorriso de um jovem ou uma jovem que ama o escotismo como ele. Correr com eles, jogar com eles, ir a mil lugares não sonhados e que se tornarão para sempre sonhos verdadeiros. Chamar os monitores e em uma conversa ao pé do fogo, em frente a uma barraca, na orla de uma floresta, tendo as estrelas no céu a vigiar, ouvir suas ilusões, seus sonhos e ficar ali com eles sem horas para dormir. Mas ele sabe que não vai acontecer, ele já não é o mesmo, hoje ele é um Velho Escoteiro contador de histórias e ele sabe sim que sempre será conhecido como o Osvaldo um Escoteiro. Ah! Porque este nome? Porque não Chefe Osvaldo, porque não Comissário Osvaldo, porque não Senhor Osvaldo? É... Devia ser outro, mas um dia ele pensou que era um Escoteiro. Na sua alma, na sua imaginação ele acha que ainda é assim. Se um dia ele foi chefe foi uma casualidade, se aprendeu todas as lições de BP foi um acaso do destino.

                Quem sabe um dia, com suas asas de cera, vai chegar a um lugar onde conhecerá os lobos, os Escoteiros e as escoteiras, os seniores e as guias todos eles separadamente, sem formalidade sem ser o homem do Facebook, do Orkut, o blogueiro sonhador, sem ser contador de histórias e ser somente um Escoteiro. Quem sabe neste dia os jovens vão sorrir e perguntar: - Moço do uniforme caqui quem é o senhor? E ele dirá sorrindo com orgulho: - Eu? Eu sou o Osvaldo, conhecido como Vado, da patrulha Raposa, da Matilha Marrom, um sênior da patrulha Pico da Neblina, Pioneiro e aventureiro, marcado na mística do fogo como Tupã o Escoteiro Trovão, um Primeira Classe, um Correia de Mateiro, e tantas coisas mais, mas se quiser saber eu sou mesmo é um Escoteiro... Como você!   

Boa noite meus amigos, o Osvaldo um Escoteiro deseja a todos uma noite linda com sonhos dourados. Durmam com Deus!

                

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