Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Ah! Se eu pudesse voltar no tempo!


Hora de dormir, esperar o sol raiar...
Ah! Se eu pudesse voltar no tempo!

                 Gente, hoje me deu uma saudade danada da minha infância. Vocês já tiveram este surto de saudade e querer voltar no tempo? Dizem que é bom outros dizem que não. Preferem olhar o futuro e esquecer o passado. Quem sabe foi à saudade que bateu forte e isto sempre acontece quando mais um ano passa na minha vida. Agora no alto dos meus 75 anos na corda bamba eu vou fingindo que estou voltando no tempo. Embalado em doces melodias eu vou contando e vendo o tempo a cada retorno ao passado. Uma matemática difícil de decifrar. Afinal os anos passam, as alegrias continuam e as tristezas quando aparecem eu a levo para outro lugar. Eu tenho muitas escondidas atrás da porta do porão para que o tempo não atrapalhe a jornada que estou a realizar. Uma vez ou outra eu vou até lá, para sentir, quem sabe chorar um tiquitito e voltar para que a alegria possa tomar o seu lugar.  

                Cada ano que atravesso a curva do destino eu vou contando quantos anos ainda vou conseguir chegar. Interessante à contagem. Mamãe e papai contavam um dois três quatro e nos cinco era eu quem passava a contar. Um a um até os o limiar dos quarenta. Ai os quebrados não mais existem. São quarenta, cinquenta, sessenta e setenta. E os oitenta? Este nem pensar. É um sonho distante. Nos setenta contei um, dois, três e quatro. Agora os cinco. Setenta e cinco. Olho para trás, não tenho o que reclamar. Danada de vida gostosa para lembrar. Mas ainda penso se pudesse voltar no tempo se seria bom demais e eu ia vibrar. Pivetinho a rodar pião, a brincar de roda. Roda? Mas não é coisa de menina? Não é não. Quem não brincou? Capelinha de melão, é de São João é de cravo é de rosa, é de manjericão. Escravo de Jó? Poxa! Até marmanjão cantei.  Fui ao Itororó, a Canoa Virou. Mas era gostoso mesmo rodar o pião, o finquinho na terra, as bolinhas de gude. Quanta ingenuidade para cultivar dores e amores. Rir das quedas e abraços recebidos.

                  Ah! Sonhos vividos numa bela fraternidade. Lobada correndo, gritante fazer o melhor. Crescer mais, escoteirar no universo da mente, onde um quati era um elefante. Nadar no riacho, uma bola de pano para chutar. Belo demais meus tempos de infância e como é bom recordar. Não recordo os maus momentos. Se tem o que me orgulho e voltar no tempo e apagar as tristezas que um dia tentaram fazer de mim um homem triste que nem sonhar sabia. Deixo que minha memória percorra o caminho da felicidade e assim vou aceitando todas as dificuldades como se fossem molambos a jogar no lago da vida que não houve. Mas ainda penso e quem não pensa? Se eu pudesse voltar no tempo, consertar meus erros. Será que os tive? Ou foram corriqueiros o suficiente para aceitar meu livre arbítrio de cometê-los? Muitos querem aproveitar cada minuto da vida, sabem que o tempo não volta e a vontade de voltar no tempo é mera quimera do impossível. O tempo é uma ilusão? Ou uma verdade uma lembrança, quem sabe é saudade e uma vontade enorme de voltar e ficar por lá escondidinho no colo da mamãe.

                  Corrigir o passado? Fazer dele outra realidade? Afinal não fui feliz? Dizem que desculpa não cura as recordações que não foram de felicidade. Ela não apaga e nem faz o tempo voltar. Melhor mesmo é uma desculpa sincera, olho no olho, com argumentos reais sem colocar a culpa em ninguém. Francamente eu queria mesmo voltar no tempo, voltar a ouvir o som da mata, da passarada a chilrear entre nuvens passageiras ou mesmo um riacho ao lado a cantar. Sentir o cheiro da “boia” na hora do jantar. O cozinheiro gritando: Gente o arroz queimou, o bife fritou e o mato invadiu o feijão que não corou. Bom demais voltar e rever as amizades, os patrulheiros de outrora e quem sabe ter uma varinha de condão para entender o passado, viver o presente e quem sabe mudar o futuro para melhor.  

                        Setenta e cinco? Quem diria! Vai ter setenta e seis? Setenta e sete? Chegarei aos oitenta? Centenas de amigos nas três páginas usaram e abusaram das palavras de incentivos. Muitos queridos amigos para me animar e dizer que sim, mas eu cético por natureza sei que isto só Ele resolve. Só Ele determina a hora e a vez para correr pelas estrelas do universo. Voltar no tempo não é uma necessidade. Quem sabe uma lembrança àquela sensação se voltasse apagaria minhas alegrias minhas recordações ao ver que nem tudo foi como criei agora no presente. As palavras do poeta batem fundo – Construí amigos, enfrentei vitórias e derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: – Não tenho medo amiga de viver! E sabe o melhor de tudo? É aquele outro que sorrindo disse também: - Não é que tenha medo de morrer. Nada disto. Só não quero estar lá na hora que isso acontecer!

Obrigado amigas e amigas que gentilmente me desejaram tantas coisas boas que prometi a mim mesmo voltar nos setenta e seis no ano que vem! Quem duvidar me aguarde, pois no fundo da alma eu sou Escoteiro e imortal!

Sempre Alerta e boa noite!

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