Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Redescobrindo o escotismo na Patrulha.
- Logo após ter passado para a
tropa de Escoteiros, vindo da Alcatéia, senti uma grande liberdade na patrulha
pôr mim escolhida (deixavam que os lobinhos pudessem escolher suas patrulhas
quando fossem fazer a Trilha). O Chefe e dois dos assistentes foram grandes
amigos e foi um choque ao ver um monitor dirigir sem a presença deles em
diversas ocasiões. Era um susto e tanto, pois na Alcatéia não tínhamos
essa liberdade tão aberta! - Ali encontrei muita amizade e companheirismo.
Tinha alguma preocupação com a liberdade de todos e me preocupava sempre com
que fazíamos. Havia sempre o receio se desse errado em alguma atividade.
- Nem bem tinha completado três
meses de tropa, e saímos pela manhã de um domingo (somente a patrulha em uma
carta prego) indo de ônibus até a periferia da cidade e lá nos dirigimos a um
sitio de um velho amigo do Grupo, que pôr sinal era sempre visitado pôr muitos
escoteiros. - Na patrulha havia dois cargos em aberto, explico melhor -
Todos nós escolhíamos nossas responsabilidades na patrulha e caso houvesse mais
de um interessado no mesmo cargo, era feito sorteio. Assim, escolhi ser o
escriba da Patrulha e no campo sobrou para mim ser o aguadeiro. Tinha
facilidades para escrever e como um “Pata Tenra” achava ser a mais fácil.
- Chegamos ao sitio pôr volta
das 08 e meia da manhã. Não era bem um sitio, estava mais para uma fazenda.
Somente um sitiante na porta de entrada, pois o local quase não era explorado e
se mantinha intacto principalmente a mata e pastos. Alguns bois, alguns
cavalos, e mais nada. A casa sede era pobre. Três cômodos sem banheiro.
Instalamo-nos e logo procuramos uma arvore para o cerimonial da Bandeira.
Deram-me a honra de hasteá-la. Nosso monitor era calmo e ponderado. Era um
autentico líder. Comecei a me acalmar à medida que participava das atividades.
Os chefes já não faziam falta. Treinamos barraca, machadinha, nós (sem teoria)
e corte de lenha, tudo isso pela manhã.
As 12:40 hs fizemos um lanche.
Foi nesta hora que resolvi dar um giro pôr conta própria sem falar com os
demais. Atrás da casa havia um arvoredo muito bonito e ouvi um barulho de uma
cascata. Dirigi-me até lá. Não era tão perto. Andei um bocado! - No meio das
árvores só o barulho me chamava à atenção. Enfim avistei um pequeno riacho com
águas límpidas e claras. Tão claras que se avistava o fundo. Fiquei
hipnotizado! - Como era belo tudo aquilo! - Lembrei-me dos diversos contos da
História da Jângal, contadas pela nossa Akelá, nas belas historias de
Mowgly junto ao Balu e Bagueera!
- Passei um pouco de água no
rosto e vi que era hora de voltar junto a Patrulha. Dei meia volta e senti um
calafrio! - Não sabia pôr onde tinha vindo! - Comecei a tremer nos meus 11
anos, agora cheio de dúvidas. Não sabia se chorava ou se confiava que me
achariam facilmente. Optei pôr ficar ali. - O tempo passava e eu já estava
chorando baixinho. Senti uma mão no meu ombro. Levei um enorme susto. Era o
nosso monitor. Graças a Deus!
- Voltamos junto e no caminho
pensei que meu “papelão” seria ridicularizado pôr todos. Estavam cada um
fazendo uma atividade diferente. Nosso monitor pediu a um 2a. Classe para me
dar um adestramento de posicionamento e marcação de pontos cardeais para ser
usado quando se anda em pequenos bosques. Ainda não estava na hora de um bom
adestramento de bússola e orientação. Tudo deveria fluir naturalmente e na hora
certa!
- Não houve sermão. Só um
pequeno lembrete pelo monitor e comigo a sós. Sorri agradecido. Nunca mais se
repetiu.
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