Saudades do meu Fogo
do Conselho.
Dizem que tudo de bom
na vida tem seu preço. Se pudermos pagar, pagamos se não... Partimos em busca
dos nossos sonhos transformando-os na vida real ou imaterial. Quanto custa ser feliz? Bendito seja quem
encontra a felicidade em pequenas nuances que o tempo nos dá a cada segundo que
vivemos. Partiremos agora célere a uma felicidade que muitos conseguiram ter
neste maravilhoso mundo dos escoteiros. Hã! Deitar na relva, respirar o ar puro
do campo, da floresta encantada, sentir a brisa cair suave no rosto, olhos
fixos nas estrelas cintilantes no céu como a dizer que seu brilho vai nos fazer
felizes para sempre. Quantos de nós não sorrimos nas noites de acampamento em
volta de um de um encantador Fogo de Conselho? É surpreendente estar ali, olhos
fixos no fogo, ou mesmo quando as chamas vão crescendo parecendo querer
alcançar o céu.
Os sorrisos, as paixões, a vontade de
ficar ali para sempre. Quem sabe ter asas para voar sobre aquela clareira, ver
do alto os amigos cantantes, canções errantes displicentemente cantadas por
lábios que aprenderam a entoar o Rataplã. Voltar novamente a terra, olhos
vidrados no Contador de Histórias. Ah! O Contador de Histórias. Indispensável
na vida escoteira de todos nós. Contar histórias é uma arte, uma arte gostosa,
palatável de agrado geral. Histórias se contam em todos os lugares, mas nos
Fogo de Conselhos elas tem seu lugar. A fogueira alta, o Contador de História sorrindo
a história surgindo seus gestos acompanhando, todos de olhos fixos tentando viver
os personagens daquela história maravilhosa. Os olhos da moçada não piscam.
Mesmo aqueles que já estiveram ali por muitas vezes são atraídos como os grilos
e pirilampos com suas luzes brilhantes e saltitantes parecem querer também
participar da história. É lindo estar ali com amigos, vendo um céu de estrelas,
ouvindo o piar de uma coruja escondida em um carvalho com seus olhos grandes,
negros sem piscar em um galho qualquer.
É gostoso demais viver e
participar de um Fogo de conselho. Poder ouvir o ruído da noite, a gente
enrolado na manta se enrosca em um tronco para melhor sentir o calor do fogo e
dos amigos que estão ao nosso lado. Nas brasas o bule de café, e enquanto a
história vai sendo contada alguém dedilha um violão encantado com um toque
saudoso ao luar. Ouvidos atentos, olhar penetrante cada um vai sentido o ar
puro da floresta invadir a seara do Fogo de Conselho. Em determinada hora se
ouve os sapos coaxando na lagoa próxima. A brisa não para de cair. O vento
sopra trazendo das montanhas distantes o latir do lobo guará que parece estar
ali junto a escutar. Os velhos mateiros sabem que já está na hora de ouvir o
canto do Uirapuru quando chama sua companheira, lá bem no fundo da floresta
Encantada. É um fogo especial, não tem hora para terminar. Outras histórias virão,
uma peça bem montada, alguém dá uma gargalhada e quem sabe pode até chorar. Tudo
ali é felicidade e as coisas vão desenrolando e chamam atenção até dos anjos lá
do céu. E sem perceber a gente se achega mais perto do fogo, pede a coruja espantada
que venha cantar conosco. Sinta-se em casa todos dizem. A gente vê no olhar dos
escoteiros e eles sorriem como a dizer: Pode contar uma história, duas ou quantas
quiser...
É... A gente ama o Fogo
de Conselho. Ele marca entra na gente afunda no coração, bate na mente e
escreve suas páginas na memoria e depois ficar na historia. A gente sorri e
sabe que não quer perder outro nunca mais. Ali naquela clareira distante,
pequenas chamas errantes se perdem no sonho do vento que as leva para longe.
Pequenas fagulhas são como cascatas invertidas que sobem no ar. Ali perdido nos
sonhos das mil e uma noite, a gente olha para o céu, quer tocar as milhares de
estrelas brilhantes que encantam a todos nós. A gente se perde naquele infinito
e passa a sentir que tudo faz sentido. Afinal quem sabe a gente pode pegar uma
e dizer: - Esta é minha, deixo-a no céu para que Deus possa guardar para mim. E
quando tudo termina, ao chegar ao lar quem sabe ao dormir e olhar para o teto a
gente vai ver a estrela escolhida que Deus guardou para nós. Fogo do Conselho, vermelho
na noite escura, dos ventos do sul e do norte, das montanhas da lua, do sol. É ali
que a realidade aparece, A gente vê Deus aquele que nos deu a vida e quem sabe
a alegria é tanta que deixa uma lágrima cair. E a gente serra os olhos e pede a
ele que não será o último. Senhor, neste azul do céu, onde encontrei a calma,
encontrei a paz que alimenta minha alma. Que os ventos do mundo me façam viver
novamente, em qualquer clareira, em matas escuras, e ver o fogo vermelho iluminando
as almas dos escoteiros que ali estarão sorrindo. Obrigado Senhor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário