Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A Ampulheta do tempo.



Lembranças da meia noite.
A Ampulheta do tempo.

                        O tempo passa. É mais que o relógio que marca as horas. Inexoravelmente. Algumas vezes ele deixa marcas, tristezas e alegrias, outras não. Marcas que ficam gravados na memória e até em nosso próprio modo de viver. Um dia, a beira de uma estrada com uma reta infindável eu comecei a notar a passagem dos carros em alta velocidade. Até aonde a vista alcançava eu via um automóvel pequenino que se aproximava e seu tamanho ia aumentando. E quando eu ia ver quem estava dentro dele ele passava tão rápido que não podia ver. Em grande velocidade ele em alguns segundos desaparecia na estrada sem fim. E assim veio outro e mais outro. Significava o que? Quem sabe a medição do tempo? Mas é possível medir o tempo? Dizem que ele passa tão rápido que nem percebemos.

                          Sei que não se pode medir o tempo. Filosofando seria possível dizer que ao nascermos alguém virou a ampulheta e nossa vida começou a ser contada. Tic tac, tic, tac. Claro, um dia está ampulheta irá ficar vazia. Durante nossa jornada, ela vai marcando o nosso tempo. Na primeira década estávamos a descobrir coisas. Aprender o certo e o errado. Brincar, sonhar, coisas de meninos e meninas. Na segunda década a puberdade. O mundo fácil de alcançar. O primeiro amor, a descoberta dos sonhos. Vem à terceira década. A escolha de uma cara metade para fazermos uma vida juntos para sempre. A faculdade, o emprego, os negócios, os sonhos deliciosos de um futuro promissor. Há quarta década começa a assustar. Nem tudo deu certo. Muitos dos sonhos não se realizaram. O poder, a riqueza, o ser feliz para sempre se tornou um conhecimento pragmático do mundo que ficou para trás. Há quinta década, a autoanálise. Valeu? Esqueci alguma coisa? Era o que queria? E aparece assim de repente há sexta década. A ampulheta está se exaurindo. É hora de pensar em tudo que realizou.

                           Lembro-me de tudo que aconteceu comigo. A mesa cheia de filhos, netos, genros, noras, sogra, cunhado. Alegria só. Olhava para todos e pensava que quando viraram a minha ampulheta nada daquilo existia. Era eu somente. A ampulheta não parou, produziu tudo aquilo que estava em volta de minha mesa. Era como um leque que aos poucos se abria. Sorria, pois apesar de tudo, de sonhos que não se realizaram, das fantasias esquecidas no fundo de um bornal, havia um “que” de felicidade. O tempo foi passando, pois assim passam todas as coisas do tempo. Esperar o próximo ano. Sem planos. Sem sonhos. Vivendo o dia como ele é. Fechar os olhos para não ver o automóvel sumir na estrada do tempo. Fechar a mente para não ver e sentir o último grão de areia da ampulheta da vida.

                           A cada ano eu dava um viva por chegar até ali. Mais um dia que o tempo vai me presentear. E quantos anos eu tenho mais? Não sei e não importa. Sejam bem vindos todos que vierem. Aproveitar os minutos e segundos que ainda posso ter. Ver meus familiares reunidos, barulhos, sorrisos, gargalhadas, Olhar a cerveja e aquele uísque com olhos brilhantes de não poder mais e pensar como eram deliciosos no tempo que um dia se foi. Em Eclesiastes, eu li um dia que – “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: O tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de chorar e tempo de rir. Tempo de Abraçar e tempo de afastar-se. Tempo de amar e tempo de aborrecer. Tempo de guerra e tempo de paz”.

                           Melhor seria copiar Charles Darwin que foi verdadeiro em suas palavras – “O homem que tem coragem de desperdiçar uma hora do seu tempo não descobriu o valor da vida.” E assim, de ano a ano em vou ficar a pensar quando será meu último. Melhor mesmo é não se preocupar. Cada ano vivido deve ser alegre e assim ainda sonho em viver muitos anos nesta marcha implacável e inflexível da Ampulheta do Tempo!


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem.

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