Conversa
ao pé do fogo.
È
gostoso demais escoteirar.
Escoteirar.
Criei a
palavra escoteirar um dia qualquer quando de mochila nas costas, chapelão e
bastão, fazia uma boa caminhada as margens do Rio Verde, com minha patrulha
Lobo e eu baixinho cantava o Rataplã. Anos depois me perguntei: - Escoteirar
seria um verbo? Ora bolas, tentei saber se não era verbo o que seria. Só achei
que escoteira é um adjetivo feminino singular de Escoteiro. Não entendi nada.
Mas um site mais educado e gentilmente escreveu: Eu Escoteiro, tu Escoteiras,
ele escoteira, nos escoteiramos, vós escoteirais, eles escoteiram. Danado de
site. Será que inventou? Não era nosso có-irmão, mas terminou dizendo: Eu
posso, você pode e todos podem fazer parte deste grande movimento. Marketing dos
bons. Só não gostei de ele terminar dizendo o famigerado e escalafobético SAPS!
Tentei procurar no Google e nada. Escoteiramente falando ainda fico com um pé
atrás se escoteirar é verbo ou não. Para mim não é mais quem sabe nossa chefia
tão reconhecida em dizer que aqui se escreve errado quem sabe eles me dirão o
que é escoteirar.
Rosa dos
Ventos.
Tem
certas coisas que a gente não esquece. Estava eu e o Chico treinando bússola no
Campo de Patrulha e eis que ele me perguntou: - Vado, eu acho linda a Rosa dos
Ventos. O que ela significa. Metido a professor de física e astrofísica (nossa,
sempre dando o fora. Kkkkkk) expliquei ele: - Chico, a Rosa dos Ventos
corresponde à volta completa do horizonte e surgiu da necessidade de indicar
exatamente um sentido que nem mesmo os pontos intermediários determinariam.
Isto por que um mínimo desvio inicial orna-se cada vez maior, à medida que vai
aumentando a distancia. Chico me olhou espantado. – Sorri e completei: -
Praticamente todos os pontos na linha do horizonte podem ser localizados com
mais exatidão. Cada quadrante da Rosa dos Ventos corresponde a 90º -
Considera-se o norte 0 graus. O leste 90 o sul 180 e oeste 270 finalizando
novamente no norte com 360 graus. Chico espantando me perguntou: - Onde
aprendeu? Na Enciclopédia Britânica, tem na biblioteca da escola! Um dia vamos
conversar sobre os pontos colaterais e sub. colaterais. Pus a mão no queixo e
fiz uma pequena oração para que nossa jornada de Primeira Classe fosse um
sucesso.
Código
Morse.
Quando
Escoteiro e Sênior eu era fã do Código Morse. Muitas vezes ia à estação da
Vitória Minas e ficava na janela vendo o seu Mundico com seu indefectível quepe
azul a picotar na sua maquininha telegráfica mandando mensagem para o mundo.
Assim ele dizia. – Vado, já mandei e recebi uma mensagem para a tal Filipinas.
Não entendi nada, mas ela está guardada até hoje no meu baú. Eu ficava
encantando com suas histórias. Ele me contou que foi Samuel Finley Breese Morse
quem inventou o sistema que hoje leva seu nome. Foi em 1835 usando números,
letras e sinais gráficos, com sons curtos e longos enviou mensagens de uma
quarto a outro e depois de um oceano a outro. Vado o código Morse nada mais é
que uma linguagem sonora, que usa um único tom com dois tempos. Um curto e um
longo. Saiba que aprender telegrafia é como aprender música. Quando você
encontrar dificuldades na recepção ou transmissão, não se deixe levar pelo
desânimo. Isto é perfeitamente normal. Ele me ensinou muito inclusive a fazer
uma oscilador de treinamento (cigarra) para treinar.
Orientação.
Preparei-me
quase seis meses para a prova de jornada. Seria 24 quilômetros de Derribadinha
até São Raimundo saindo na Mata do Tenente. Meu Chefe disse que iria me dar um
mapa que ele tinha ganho da Vale do Rio Doce onde trabalhava. Para eu entender
bem o mapa tinha que ficar perito em orientação. Lá fui eu de novo na
biblioteca. A gente nem pensava que um dia o Google resolveria tudo. Na Enciclopédia
Britânica (o pai dos burros) dizia: - Orientação é um desporto individual ou de
duplas que tem como objetivo percorrer determinada distância em terro variado e
desconhecido, obrigando o Escoteiro a passar por determinados pontos do terreno
descritos num mapa e previamente distribuído. Você pode usar a bússola que vai
lhe dar maior precisão, mas na falta dela treine muito a orientação pelo vento,
pelas estrelas, pelas árvores, pelo sol e as constelações. Nós tínhamos um
tempo determinado para percorrer todo o trajeto do mapa e aprender bem os
percursos são de uma extrema variedade conhecendo bem as características do
terreno. O mais difícil foi reconhecer os relevos os mais ou menos acidentados,
matas densas areia e outras estradas vicinais. Aprendi que para sair tudo nos
contendo precisava ser exímio no passo Escoteiro, no passo duplo, medir
distancias alturas e outras técnicas que até hoje nunca mais esqueci.
S.O.S.
Há muitos anos, aprendi que a sigla S.O.S. não significava
"Save our souls" ou “Salve as nossas almas”, como muita gente pensa,
mas constituía antes a representação alfabética dos três sinais usados em
código Morse para enviar pedidos de socorro: três pontos (S), três traços (O) e
três pontos (S). Quando reproduzida acusticamente, essa sequência é bastante
clara, tendo por isso sido escolhida para representar pedidos urgentes de ajuda
enviados por telégrafo. A opção por estes sinais, em
detrimento de outros, terá sido feita na Alemanha, em 1905. Hoje, porém,
aprendi que a sigla S.O.S. pode ser interpretada de forma totalmente diferente.
Quando nos referimos ao fato de um medicamento, por exemplo, dever ser tomado
apenas "em S.O.S.", aquelas três letras já não representam a
sequência em Morse, mas têm um significado concreto, proveniente de uma
expressão latina: si opus sit,
que quer dizer «se for necessário». Nós fazíamos questão de usá-lo em
treinamento que podíamos com sinais de fumaça, Morse e Semáforos. Lembro que na
Curva do Boi uma vez queimei uma parte de uma barraca de duas lonas, pois me
esqueci de colocar folhas verdes para que a chama não ficasse alta e fosse mais
fácil separar a fumaça em ponto e traço.
Enfadonho?
Bem vou parar por aqui. Muitos dizem que isto já era que a nova técnica usada
nos computadores, nos celulares e outros apetrechos técnicos não precisamos
mais de usar tais artimanhas do passado. Pelo sim pelo não fico na duvida. Será
que os escoteiros modernos não gostariam um dia de experimentar?